Está definido o roteiro de viagens da presidente Dilma Rousseff para participar de comícios neste segundo turno das eleições.
Dilma irá a apenas três cidades: além de São Paulo, onde subirá no
palanque de Haddad nesta sexta-feira (19), como o Balaio já havia
antecipado no início da semana passada, a presidente estará em Salvador,
no sábado, e em Manaus, ainda em dia a ser marcado.
Até as 16 horas desta quarta-feira (17), a assessoria de Eduardo
Campos ainda não havia confirmado a participação do governador
pernambucano e presidente do PSB no ato em apoio ao petista Fernando
Haddad, ao lado de Lula e Dilma.
Certo é que Campos irá amanhã a Campinas, no interior de São Paulo,
onde está aliado ao PSDB, para subir no palanque do candidato do seu
PSB, Jonas Donizetti, que disputará o segundo turno com Márcio Pochmann,
do PT.
Desde a noite de domingo passado, quando foram divulgados os
resultados do primeiro turno, e Eduardo Campos despontou como um dos
grandes vencedores da eleição, o governador pernambucano vem sendo
cortejado tanto pelo PT como pelo PSDB.
Em entrevista de mais de quatro horas que fiz com ele no início da
campanha, publicada na revista Brasileiros de setembro, Campos me disse
que os rachas entre PT e PSB registrados em Recife, Fortaleza e Belo
Horizonte, em nada mudavam sua posição de apoio ao governo federal e a
Dilma Rousseff na sucessão presidencial em 2014.
— Hoje, 2014 é da Dilma. Se não for dela, é do Lula. Até lá, ninguém
sabe o que vai acontecer. Se daqui a dois anos a situação descarrilar,
se o Lula não puder ser candidato...
Já havia especulações, na época, de que o governador pernambucano
estava ensaiando um voo próprio, preparando sua candidatura presidencial
para 2014, mas ele negou esse projeto, sem esquecer de deixar as portas
abertas nas reticências da sua fala.
Em outro trecho da entrevista, Campos foi bastante incisivo para
demonstrar sua lealdade a Lula: "O PSB faz parte da frente que governa o
País, e não é de hoje. Vem lá de trás, de 1989, quando Arraes apoiou a
primeira candidatura presidencial de Lula. Fazemos parte desta
caminhada".
Ainda para mostrar sua lealdade ao "projeto político liderado pelo
presidente Lula", lembrou que o PSB foi o partido que mais fez alianças
com o PT nas eleições municipais deste ano e o primeiro a apoiar
Fernando Haddad em São Paulo.
Na reta final da campanha, veio a São Paulo para participar de um
almoço no Centro de Tradições Nordestinas, em apoio ao candidato
petista, mas quase não teve oportunidade de conversar com Lula. Os dois
não se falavam desde a semana em que cada partido lançou seu próprio
candidato em Recife.
Ao mesmo tempo em que falava de suas antigas relações, Campos fez
questão, nesta entrevista, de ressalvar sua independência em relação ao
PT e Lula:
— Em 2006, eu dediquei a minha eleição para governador a meu avô
[Miguel Arraes, três vezes governador de Pernambuco] e ao Lula. O que
não podemos é devolver o poder à direita. Se quiser ser candidato a
presidente, vou dizer que sou candidato, não preciso pedir licença. Eu
tenho 47 anos de idade e nunca mudei de lado político. Você acha que vou
aderir à oposição? É isso que vou fazer?.
Conheço-o bem e sei que isso ele não fará, embora o sonho dourado de
Fernando Henrique Cardoso e de Aécio Neves seja o de tê-lo como vice da
chapa presidencial tucana. Podem tirar o cavalinho da chuva.
Eduardo Campos já deixou claro para seus assessores que vice ele não
será de ninguém. Mais provável, a meu ver, caso o governador por algum
motivo deixe a base aliada para ser candidato, é o neto de Miguel Arraes
convencer o neto de Tancredo Neves a ser seu vice.
Seja como e para onde for, Campos hoje é uma peça importante no
cenário sucessório de 2014 e, por isso, a sua presença ou não no comício
de Haddad na sexta-feira em São Paulo pode sinalizar para que lado
pende este político raro que nunca mudou de lado.
Pode ser que, a esta altura, o jovem governador nordestino esteja
pensando no lado dele mesmo, medindo os próximos passos com muito
cuidado.
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